Numeros que Falam

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

EU OUVI

Meu Deus eu ouvi. Fiquei pasmo. Ouvi um homem que se diz mensageiro de Deus pregando para uma platéia que viera buscar conforto, um norte para suas vidas, uma forma para saírem de suas mazelas e empreenderem uma marcha vitoriosa, dizer tantas mentiras e fazer tantas chantagens emocionais.

1 Ouvi ele dizer que para Deus atender nossas preces era preciso que se fizessem muitos sacrifícios, até além de nossas capacidades. Que empreendêssemos tremendo esforço, oferecendo-o a Deus, para então merecer a atenção de Deus. Para Ele processar um grande milagre na vida deles.

Até concordo que precisamos fazer esforços, que precisamos suar a camisa, que precisamos ser determinados, focados no objetivo, superando nossas deficiências, melhorando nossas qualidades, buscando o estado de excelência, de modo continuado e incessante. Mas para surpresa minha, o pastor dizia que Deus queria o carro do assustado fiel, que ele o vendesse e colocasse o fruto da venda em oferta à igreja, no altar, para que Deus o ouvisse. Que dessem todo o salário, ou que desse aquela quantia que representasse um grande sacrifício e trouxesse em oferta no altar, assim Deus atenderia seus pedidos, pois sua palavra não voltava vazia.

Uma pregação totalmente orientada para induzir os fiéis a tirarem até aquilo que era básico para eles, abrindo mão de tudo e colocando no altar, que certamente seus problemas seriam resolvidos.. Que confiassem que assim atrairiam as bênçãos da prosperidade multiplicativa, de forma milagrosa.

Uma pregação utilizando uma teatralidade provocadora de medos e escravidões, angústias e demências, através de uma fita gravada de um fiel, em estado obsessor, ou seja, que estava possuído pelo demônio e este dizia para que os obreiros precisavam trazer o que tinham, pois do contrário seriam presas dele.

Eu percebia a capacidade persuasora daquele pastor, buscando o pão de cada dia, mas para seu bolso e através da persuasão mentirosa. Pois Deus não age assim.

Era bem experiente e treinado em usurpar. Fiquei até revoltado, vendo Deus ser usado daquela forma. Vendo o conhecimento bíblico, mas não a vivência, sendo tão espertamente utilizada. Atingindo direto no medo das pessoas, que é a primeira e uma das piores formas de escravidão.

Realmente vi um satanás vestido de pastor, fazendo um excelente trabalho. Colocando medo e culpa nas almas das pessoas sequiosas por soluções.A necessidade sendo explorada ao nível máximo e transformada no veículo aterrador do aprisionamento.

A gritaria, a armação, a teatralidade indutora à perda da razão e o acesso emocional explorado através do medo, da opressão, da culpa e da insegurança.

Saí do templo, que nada mais era que um comércio de barganhas, admirado com a capacidade persuasiva daquele pastor, a capacidade de colocar pressão, a capacidade de levar as pessoas à perda do poder de escolha, e por medo, desespero, insegurança, colocarem tudo o que tinham, em termos financeiros, à disposição daquele pastor. E no momento lembrei-me daquele culto japonês em que os pais jogavam os filhos numa imensa fornalha em uma serpente de aço incandescente, em troca de alguns favores, que certamente nunca foram atendidos, pelo menos por Deus.

Fiquei pensando no limite da mente humana. Na sua grandeza e no seu engessamento. No limite da maldade e da manipulação. Na capacidade da lavagem cerebral, engessando a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso. Na capacidade de algumas pessoas, experientes, induzirem seus ouvintes a praticarem atos, mesmo contra sua vontade.

Certamente, naquela igreja, não encontrei Deus.

Agora entendo porque, às vezes, o Pastor Malafaia, cai de pau em cima de seus próprios colegas e de seus fiéis. Ainda bem que existe uma voz que grita, alerta e orienta com sensatez, num mundo de tantas mazelas e por isso faz a diferença.

Eu Sou a voz que clama no deserto, dizia o mensageiro. E ele ainda está presente entre nós.

Mas o que sai de sua boca? Bênçãos ou maldições? Medos ou esperança? Cura ou sentenças escravagistas? A verdade ou o engodo?

San Martin

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